Doença do Refluxo Gastroesofágico: quando pensar em cirurgia?

Antes de falarmos das indicações da cirurgia para o refluxo gastroesofágico ( RGE ), precisamos esclarecer um assunto muito comum na nossa prática diária.


Muitos pacientes tem dúvidas sobre o tratamento do RGE associada à hérnia hiatal, especificamente sobre o uso da medicação x diminuição da hérnia. A hérnia é um defeito mecânico, e portanto, sua correção, quando necessária, é cirúrgica. A medicação não atua “em tamanho” da hérnia, e sim, alterando a característica ( ácida ) do refluxo, para que este seja menos “corrosivo” na mucosa esofágica. Nem toda hérnia hiatal necessita correção. No entanto, nos casos de hérnias de hiato com sintomatologia importante e refluxo persistente devemos considerar o tratamento cirúrgico, independente do tamanho da hérnia. Os resultados são excelentes quando a cirugia é bem indicada e bem conduzida.


O doutor Badwan, especialista em Cirugia e Endoscopia Digestiva, explica: “ a hérnia de hiato é um defeito anatômico ( parte do estômago migra para o tórax, desfazendo os mecanismos naturais antirrefluxo), fazendo com que a mucosa esofágica não tenha defesa para o refluxo crônico, o que causa lesões que, quando não tratadas, evoluem em extensão e profundidade. Nem sempre os sintomas de azia, pirose, queimação, regurgitação, tosse seca, pigarros, etc acompanham a gravidade das lesões ( ou seja, nem sempre há correlação clínica ), destaca o doutor Badwan.


Portanto, se estes sintomas forem leves, mesmo assim, pode haver lesões mais importantes.
Cada caso deve ser abordado de forma individual, levando em consideração diversas peculiaridades como sintomas X qualidade de vida, riscos do refluxo crônico X achados endoscópicos, comorbidades como obesidade por exemplo, etc.


A cirugia é uma das opções de tratamento da doença do refluxo gastroesofágico, considerada ainda padrão-ouro. Porém, há critérios claros de indicação. Converse com seu médico.